quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A cerca da moeda



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           Moeda
A moeda surgiu em substituição ao escambo (troca de uma mercadoria por outra) devido a dificuldade deste tipo de comercialização que para realizar-se forçava a existência de uma coincidência de necessidades além da dificuldade de estabelecer correspondência de um produto em relação a outro e guardar todos esses preços relativos.
Moeda é metal cunhado dotado de valor e de fácil manuseio. Nos EUA não passam de dinheiro simbólico, isso significa que o seu valor é intríseco- isto é, o valor do metal contido na moeda em si- é inferior ao seu valor nominal. Isto é proposital, é feito para impedir que as moedas sejam fundidas e vendidas como metais.
Ao substituir o escambo a moeda adquiriu o valor que lhe era arbitrariamente atribuído pelos mercadores em determinadas permutas de mercadoria. Estabeleceu-se dessa maneira uma avaliação que posteriormente passou a ser fixada pelo governante ou pelo Estado.
A moeda tem na economia quatro funções básicas: meio de troca, reserva de valor, unidade de conta e padrão para pagamentos diferidos no tempo.
b)     Moeda manual
É a moeda que integra o meio circulante de uma economia, isto é, as moedas metálicas e o papel-moeda emitido pelas autoridades monetárias que fica em poder das pessoas ou das empresas.
c)     Base monetária
Denominação dada ao conjunto de moeda em circulação no país mais os depósitos à vista junto às autoridades monetárias. No Brasil, está última parcela é constituída pelo reconhecimento compulsória dos bancos junto ao Banco do Brasil e também pelos depósitos à vista junto ao público à mesma instituição. Ao contrário do que acontece na maioria dos países, a regulamentação do sistema bancário brasileiro possibilita a formação de depósitos não apenas pelos bancos comerciais, mas também pelas autoridades monetárias. Isto é, no Brasil, o Banco do Brasil acumula as funções de banco comercial e de agente financeiro das autoridades monetárias. A atuação sobre a base monetária, co sentido de estimular sua expansão ou provocar sua contração, desempenha com papel de grande importância em qualquer política de combate a inflação.
d)   Quase- moeda
A linha divisória entre aquilo que definimos como dinheiro e certos valores altamente líquidos denominados quase-moeda (conjunto dos ativos do sistema financeiro não monetário, constituído principalmente pelos débitos ou compromissos das instituições financeiras, especialmente as governamentais) ou quase- dinheiro é muito tênue. Os depósitos a prazo fixo são quase-dinheiro. Precisam, entretanto, ser excluídos da definição de dinheiro, por não ser um meio. Não se podem emitir cheques contra uma conta a prazo fixo, ao se fazer comprar ou ao saldar um débito. São todos altamente negociáveis e podem ser prontamente convertidos em moeda corrente, ou em contas correntes, com pequeno risco de prejuízos.
As quase-moedas são importantes pelas três razões seguintes: 1) o fato das pessoas terem valores altamente líquidos influi os seus hábitos econômicos. De modo geral,  quanto maior for o montante da riqueza que as pessoas possuem sob forma de quase-moedas, maior será a sua disposição para gastar além da renda monetária. 2) uma súbita conversão das quase-moedas em dinheiro aumenta grandemente o meio circulante e, se não houver medidas de compensação isso pode ocasionar sérios problemas durante o período inflacionário. 3) a existência de quase-moeda evidencia o fato de que a definição de dinheiro é um tanto arbitrária.
e)      Meios de pagamento
Volume da oferta da moeda em circulação na economia ( excluído os montantes mantidos em caixa pelas autoridades monetárias e pelos bancos comerciais) mais a moeda escritural ( depósitos à vista do público nas bancos). Existem quatro (4) séries distintas de meios de pagamento ( entre 1991-1992 existiu também uma quantia a M5). A M0 e M1 são meios de pagamento de liquidez imediata, e que não rendem juros.  A M1  equivale ao papel -moeda em poder do público e aos depósitos à vista no setor bancário; M2, M3 e M4incluem as quase-moedas, que rendem juros aos aplicadores. A M2 inclui a M1 mais depósitos a prazo( M1 + fundos fundo do mercado monetário+ títulos público sem poder do público). A M3 engloba M2 mais depósitos em poupança. A M4 adiciona à M3 o saldo dos títulos públicos federais em circulação isto é, fora da carteira do BC (M3+ títulos privados- depósitos à prazo e leras de câmbio). A partir de 1991, com a criação dos fundos de aplicação financeira, às séries M2 e M4 foram modificadas.
2.     As fases que caracterizam a origem e evolução da moeda.
a)      Escambo
Troca de bens e serviços sem a intermediação do dinheiro. É o estágio mais primitivo nas relações de trocas e caracteriza as sociedades de economia natural. Nas sociedades modernas, o escambo pode ressurgir em momentos de elevada taxa inflacionária, em que os consumidores perdem a confiança no papel-moeda. Isso ocorreu na Alemanha depois da II Grande Guerra , quando o marco hiperdesvalorizado, foi substituído nas relações de troca mais simples, pelo café e pelo cigarro. O escambo pode ocorrer também entre dois países, quando suas trocas se realizam à base da mercadoria por mercadoria. Logo após a descoberta do Brasil, o escambo foi intensamente empregado nas relações entre europeus e indígenas, para carregamento do pau-brasil. Os índios cortavam a madeira e as deixavam na praia para serem trocados por espelhos, facas, etc.
b)      Mercadoria-moeda
2º estágio. As trocas são indiretas. Existe uma venda e depois uma compra. O produtor troca seu produto pela moeda-mercadoria, ou seja, vende e, depois, troca moeda-mercadoria pelo que deseja, portanto compra. A grande vantagem é que não há mais a necessidade da dupla coincidência de desejos. Apesar de as trocas serem indiretas, há um ganho de eficiência, pois troca-se com o mercado, sem a necessidade de encontrar alguém com as mesmas necessidades de troca totalmente complementares ou simultâneas.
A moeda mercadoria utilizada variava de lugar para lugar. Em alguns lugares, foi utilizado o gado, em outros o sal, ou ainda conchas. Contudo os metais acabam sendo utilizados como moeda, em função de suas qualidades de: a) homogeneidade; b) durabilidade; c) portabilidade; d) escassez.
c)      Metalismo
Sistema monetário que tem como moeda-padrão algum metal precioso ( sobretudo ouro e prata), com valor de troca fixo entre o metal e o dinheiro, além de cunhagem livre e ilimitada. As dificuldades de pesar e avaliar o metal são superadas a partir das moedas cunhadas em que o soberano garante o valor do metal. A maioria das moedas tem a esfinge do soberano garantindo seu valor. O sistema apresenta vantagens sobre o anterior, pois as trocas são feitas com mais facilidade. Aos poucos os soberanos impõem o uso dessas moedas e as mesmas passam a ser de uso legal. Existe a obrigação legal de aceitar a moeda para quitar qualquer tipo de débito. O objetivo é evitar o máximo as flutuações no valor da moeda. Na prática, esse sistema apresenta uma grande dificuldade: com a desvalorização de um metal em relação ao outro, desequilibra-se o valor da troca entre eles e em relação à moeda. Por isso, o padrão-ouro passou a ser utilizado na maioria dos países.
d)     Cunhagem da moeda
Antes da invenção da cunhagem, muitos bens móveis foram utilizados como meio de troca e padrão de valor. Esses bens eram utilizados como meio de troca e padrão de valor. Esses bens eram relacionados uns com os outros, formando uma escala de valores. Os povos primitivos utilizavam nas trocas intertribais, como dinheiro, os produtos que via de regra representava a riqueza da comunidade. A partir daí, as matérias-primas começaram a aparentemente a ser utilizados como dinheiro em substituição aos produtos acabados. Essa tendência pode ser observada com mais clareza no caso dos metais como ferro, o cobre e o bronze que gradualmente foram superando outros meios de troca. As civilizações antigas alcançaram este estágio de desenvolvimento, fundamental para o início do processo de cunhagem, no séc. VIII a.C., embora as primeiras notícias de cunhagem datem do séc. VII a.C. - na Lídia( Ásia menor) já nessa época produzia peças de uma liga de ouro e prata chamada electrum. Na Grécia antiga, assim como em Roma – devido ao desenvolvimento do comércio que superou as limitações ditadas pela distribuição geográfica dos metais – depois da morte de César, moedas de ouro e prata foram cunhadas em substituição às de bronze. Na Idade Média, com a retração do comércio, apenas moedas de cobre e prata foram cunhadas, com exceção de uma cunhagem temporária de ouro durante a época carolíngia. Com o crescimento da demanda de moedas as cunhagem de ouro foram retomadas com os florins florentinos  e os zecchini de Veneza.Desde então, o ouro constituiu-se no metal preferido para a cunhagem de moedas, e no comércio internacional na  forma de lingotes. A partir do séc. XVI a produção deixou de ser manual e passou a ser mecânica. Em 1786 Boulton introduziu a força a vapor na cunhagem, e em 1839, Ulhhorn inventou a prensa de cunhagem que acelerou enormemente seu processo de fabricação. O desenvolvimento econômico proporcionado por esses avanços técnicos é digno de nota. As novas técnicas de cunhagem permitiram também a uniformidade das moeda o que facilitava a aceitação por seu valor de face e não por peso, como ocorria em Roma, na Idade Média e mesmo na Era Moderna. A modernização das técnicas também resolveu um dos problemas mais graves do setor: a escassez da moeda. Durante a Idade Média era praticada não apenas pelo soberano, mas também por aqueles que obtinham esse direito com uma concessão feudal. Em conseqüência, entre os séc. IX e XII, a cunhagem foi completamente descentralizada. Durante primeira fase medieval, esse fato não teve grande importância, em função do incipiente desenvolvimento do comércio. Mais tarde, com a expansão deste, tais concessões foram se extinguindo, e na Inglaterra e na França no tempo de Henrique VII, só o rei tinha o poder de cunhagem. Durante os séculos XII e XII, com a descentralização política, o privilégio de cunhagem obtido por alguns ( assim como privilégios reais) era exercido com a finalidade de realizar os maiores ganhos possíveis. As receitas da cunhagem dependiam não apenas da diferença permitida legalmente entre o valor da face da moeda e do seu conteúdo metálico (a senhoriagem), mas particularmente na gradual e desautorizada redução do conteúdo metálico das unidades padrão ou no peso e teor das moedas individuais. Mais importante, no entanto, do ponto de vista da receita de quem cunhava, era a produção total realizada: para aumentá-la, as moedas sofriam alterações constantes, o que exigia a necessidade de sua recunhagem e renovação. Tais alterações consistiam tanto na elevação do valor de face das moedas como na redução do seu conteúdo metálico: com a emissão de novas moedas depreciadas, as antigas eram geralmente “convocadas” a recunhagem, de acordo com os novos padrões. Depois de certo tempo de depreciação, a medida inversa era adotada, e as moedas eram outra vez convocadas, agora, para a sua valorização e conseqüente recunhagem. Assim, em algumas localidades da Alemanha e da Áustria, durante o séc. XIV, as cidades adquiriram do senhor feudal ( detentor dos direitos de cunhagem) o privilégio de controlar as depreciações de suas moedas, elevando o seu valor por meio da recunhagem. A história da cunhagem até o início do século passado ( com variação de país para país especialmente no continente europeu) é a história de uma longa série de experimentos destinados a extrair da cunhagem o máximo de receita possível. No Brasil, os precursores do processo de cunhagem foram as oficinas de fundição, onde se fundia o ouro oriundo das minas recém descobertas durante o séc. XVIII.  Depois de pago o quinto à coroa, o ouro era fundido em barras com marcação do peso em onças, oitavas e grãos ( medidas usadas antes da adoção do sistema métrico decimal no Brasil). O número de ordem, o título ou toque, e o ano da fundição. Com a multiplicação dos casos de fundição, as barras passaram a ter nomes ou as iniciais da respectiva oficina e as iniciais do chefe de cunhagem. Mais tarde, com a intensificação do comércio e para minimizar a falta de moedas no Brasil, a metrópole autorizou que se fizesse aqui a marcação de novas características em peças de outros países, especialmente moedas espanholas, francos franceses, liras, moedas chilenas e argentinas. Essas alterações eram realizadas nas oficinas monetárias, que entravam em funcionamento ou eram extintas dentro das necessidades ditadas pelas diversas conjunturas da época. Mas as freqüentes variações no valor das moedas que circulavam no Brasil, os aumentos e  rápido rebaixamento desses valores, as inúmeras remarcações, as constantes proibições, as refundições e os recolhimentos em prazos curtíssimos levaram a quase paralisação do comércio. Para superar essas dificuldades, foi autorizado o funcionamento de uma Casa da Moeda no Brasil, no final do séc. XVII. Essa autorização ocorreu durante o governo de D. Pedro II de Portugal, cognominado “ O Pacífico”, que por carta régia de 8/03/1694 criou a Casa da Moeda na Bahia, a primeira do Brasil. Quatro anos depois ela foi transferida para o Rio de Janeiro.
e)      Moeda- papel
Moeda-papel é a forma moeda que embora seja fiduciária, isto é, título de crédito emitido pelo governo ou com sua autorização, representa uma equivalência metálica podendo ser trocado por metais preciosos a qualquer momento. Concretamente são os bilhetes de banco ou células do tesouro conversíveis em ouro e prata conforme o sistema monetário prevalecente.
Moeda representativa, que veio eliminar as dificuldades enfrentadas pelos comerciantes com os riscos de assaltos e deslocamentos pelas regiões européias, facilitando a efetivação das operações comerciais e de créditos. Sua origem está relacionada à solução encontrada para as transações comerciais. O comerciante levava apenas um pedaço de papel denominado, certidão de depósito que era emitida por instituições conhecidas como casas de custódia, onde eles depositavam suas moedas metálicas, ou outros valores sob garantia.
f)       Papel-moeda ou moeda fiduciária
As casas de custódia passaram a emitir gradativamente, certificados sem lastro, ou seja, sem depósito em moedas metálicas que serviam de garantia ao papel-moeda ou certidão de depósito, dando assim, origem a moeda fiduciária, moeda baseada na fidúcia (na confiança) papel-moeda. A emissão do papel-moeda era feita por particulares, que acabou por conduzir esse sistema à ruína. Assim o Estado passa a controlar o sistema. Hoje, a maioria dos sistemas funciona à base da moeda fiduciária e, apresentam as seguintes características: 1) inexistência de lastro metálico; 2) convertibilidade absoluta; 3) monopólio estatal nas emissões.
No Brasil as “ordens de pagamento” emitidas pelos holandeses foram os primeiros papéis a circular como moeda no Brasil, mas como isso só ocorreu entre tropas de ocupação, eles não têm qualquer relação com as células emitidas no país. Os “bilhetes de extração de diamante” e os “permuta de ouro” foram os primeiros papéis a circular oficialmente como moeda, de 1771 até as primeiras décadas do século XIX. Após a independência, a falsificação de moedas de cobre chegou a ser um  caso de calamidade pública, forçando a emissão de bilhetes para o troco do cobre, em 1833. As emissões de bilhete de banco e papel-moeda oficial foram alternadas, chegando a existir, por volta de 1900, 69 tipos de notas de banco e 33 do tesouro nacional em circulação.
A última emissão bancária feita pelo Banco do Brasil foi em 1923, ainda no padrão “mil réis”. A partir dessa data, era somente o tesouro nacional que tinha o poder liberatório de emissão de papel-moeda. O Banco Central do Brasil foi fundido em 1º de janeiro de 1965, tornando-se responsável pelo meio circulante nacional desde então.
Atualmente, a Casa da Moeda do Brasil produz as células e moedas utilizadas no Brasil e de alguns países no exterior, mas também uma série de outros produtos.
g)      Moeda escritural ou moeda bancária
Ordem de pagamento que se originou da generalização do uso do papel-moeda, a abertura de uma conta-corrente por meio de determinados depósitos em dinheiro ( pape-moeda). Permite a qualquer pessoa movimentar esse fundo depositado no banco mediante cheque. A moeda escritural mais usada atualmente é a ordem de pagamento. O corre que nem sempre o cheque emitido para pagar uma compra é transformado em dinheiro por meio de saque direto no caixa do banco, ele pode ser depositado em outra conta-corrente ou circular por  muitas mãos como pagamento de dívidas, bens ou serviços. O depósito em cheque significa que o emissor autoriza o banco que mantém seus fundos em conta-corrente a transferir o valor declarado para a conta de outra pessoa. Se essa pessoa tem uma conta em outro banco que não o do emissor a transferência só se concretiza depois da passagem do cheque pela câmara de compensação, onde os bancos acertam as suas contas, isto é, somam as importâncias pagas e recebidas por meio de cheques das respectivas agências. Mas nem a diferença paga nas câmaras de compensação é paga em papel-moeda de um banco para outro e sim mediante cheque sacado nas contas que contêm no Banco Central ou Banco do Brasil para zerar as posições no final de cada dia. Dessa forma apenas uma parte dos cheques é emitida em moeda legal, papel-moeda, portanto, os bancos podem ampliar os créditos de seus clientes sobre o papel-moeda depositados abrindo contas para eles e cobrando juros sobre esses empréstimos. A moeda escritural é, portanto múltiplo do total do papel-moeda depositada junto aos bancos. Em cada época, em cada economia existe uma relação entre moeda legal e papel-moeda nos bancos e o total de moedas criadas por este. Se essa relação for ultrapassada o sistema corre perigo ou o banco corre o risco de não poder resgatar em papel-moeda. Os cheques que forem apresentados pelas suas agências para tal fim o que poderá provocar uma corrida aos bancos e conseqüentemente a sua quebra. O BC tem normas e dispositivos de controle que todos os bancos devem seguir para evitar que isso aconteça, no entanto, como os bancos ganham em proporção ao volume de créditos que emprestam, isto é, ao volume de moeda escritural criada, muitas vezes um banco encontra meios de burlar esses limites colocando em perigo a credibilidade do sistema como um todo. Por outro lado essa relação entre moeda legal disponível no banco e papel-moeda escritural de caixa permite acalmar o impacto de uma elevação de emissão de papel-moeda a ampliação da base monetária sobre o conjunto de meios de pagamento na economia.
h)      Moeda Virtual
A moeda é basicamente um conjunto de registros eletrônicos que representam uma diversidade de ativos. Há uma tendência global de evitar saldos monetários ociosos, onde a moeda de curso legal é rapidamente transformada em ativos remunerados e vice-versa.
  1. Cite, explicando cada uma das funções da moeda
- Meio ou instrumento de troca – pode ser entendido ao se pensar o que seria a sociedade atual se não houvesse um meio de troca aceito por todos. Sem moeda, todas as trocas deveriam ser diretas, ou seja, trocar-se-iam por mercadorias (escambo). Assim um criador de galinhas que desejasse comprar roupas deveria procurar um alfaiate que desejasse comer galinhas e com ele entrar em entendimento para fechar negócio.
-  Unidade de conta -  a moeda serve para comparar o valor de mercadorias diversas. Com a moeda como denominador comum, é possível somar um trator mais uma caneta e também achar sua equivalência em valor.
Assim ela pode ser usada na contabilidade, sem necessidade de transferências físicas de moeda. O acerto de contas se processa apenas por expedientes contábeis, entrando a moeda simplesmente como unidade para esta contabilidade.
A moeda serve como unidade até para pagamento deferido no tempo, ou seja, a moeda serve como medida para um pagamento a se realizar no futuro.
- Reserva de valor – para que a moeda possa ser aceita em troca de mercadorias, é preciso que ela possa ser aceita na compra de outros bens e serviços. Assim, a moeda representa um direito que seu possuidor tem sobre algumas mercadorias.
O indivíduo que recebe moeda não precisa gastá-la imediatamente, podendo guardá-la para o uso posterior. Isso significa que ela serve como reserva de valor. A moeda para cumprir bem essa função, deve ter um valor estável, de forma que quem a possuir tenha uma idéia precisa de quanto pode obter em troca.
  1. Cite, explicando, cada uma das características tradicionais e atuais da moeda.
- Indestrutibilidade e inalterabilidade – deve resistir a inúmeras relações de troca, deve ser de excelente qualidade para que não possa ser alterada;
- Homogeneidade – diferentes unidades monetárias devem ter o mesmo valor de compra;
- Divisibilidade – a moeda padrão de uma economia deve possuir múltiplos e submúltiplos, moeda subsidiária, para permitir a realização de todos os tipos de transações comerciais;
- Transferibilidade – deve circular na economia sem nenhuma dificuldade, facilitando o processo de troca;
- Facilidade de manuseio e transporte – a moeda deve ser impressa de forma a facilitar o seu uso e transporte.
A oferta de moeda.
Haverá criação de moeda quando houver um aumento do volume da soma de moeda manual e de moeda escritural. De outra parte, haverá destruição de moedas quando se reduzir o volume de meios de pagamento.
Ex.: Um indivíduo efetua um depósito a prazo. Existe destruição de meios de pagamento, pois os depósitos a prazo não são considerados meios de pagamento, no sentido estrito (M1).
A criação (ou destruição) de moeda manual corresponde, assim, um aumento (ou diminuição) de moeda em poder do público, enquanto para a moeda escritural, a sua criação ( ou destruição) se dá quando há um acréscimo ( ou decréscimo) nos depósitos à vista ou a curto prazo nos bancos comerciais.
Percebemos, então, que a oferta da moeda pode dar-se: a) através da BC, o que tem o monopólio das emissões de moeda; b) através dos bancos comerciais, através dos depósitos à vista.
A demanda por moeda, e cada um dos seguintes motivos que levam as pessoas a demandar moeda para:
Transações – as pessoas e empresas precisam de dinheiro para suas transações do dia-a-dia, para alimentação, transporte, aluguel, etc.
Precaução – o público e as empresas precisam ter certa reserva monetária para fazer em face de pagamentos imprevistos ou atrasos em recebimento parados.
Especulação – dentro de sua carteira de aplicações ( portfólio), os investidores devem deixar uma “cesta”  para a moeda e observar o comportamento da rentabilidade dos vários títulos, para fazer algum novo negócio. Ou seja, a moeda, embora não apresente rendimentos, tem a vantagem de ter liquidez imediata e pode viabilizar novas aplicações.
A criação e destruição de meios de pagamento exemplificando.
  Os bancos comerciais disputam o poder de criar moedas através da intermediação financeira, mas não somente. Do mesmo modo que a criam, podem destruí-la. O processo de criação e de destruição de meios de pagamentos decorre de operações realizadas entre a rede bancária e o público, com ou sem interveniência governamental.
Há criação de meios de pagamento quando a instituição financeira bancária entrega haveres monetários ao público e, em troca, recebe haveres não-monetários. Exemplo: desconto de uma duplicata.

Ocorre destruição de meios de pagamento quando a instituição financeira bancária entrega ao público haveres não-monetários e recebe haveres monetários. Exemplo: pagamento de uma duplicata.
A expansão e/ou contração observada no total de meios de pagamento, cada vez que a moeda é abortada ou retirada pelo sistema bancário, não se dá pelo mesmo valor da operação realizada. O efeito mais do que proporcional. Isto significa que a transformação de R$1,00 em haveres não-monetários, através do sistema bancário, irá resultar numa redução de meios de pagamentos em mais de R$1,00 (R$1,00; R$2,00; R$3,00 ou mais reais). Da mesma forma, a conversão de haveres não-monetários em moeda legal, no valor de R$1,00 deverá expandir meios de pagamentos em mais de R$1,00 (R$1,20; R$2,00; R$3,00 ou mais reais).
Resta-nos, portanto, analisar o fator que irá determinar amplitude desses movimentos de expansão e contração, mais conhecidos como multiplicador de meios de pagamento ou multiplicador bancário.


A teoria quantitativa da moeda.
Dos três motivos que apresentamos para explicar a demanda por moeda, os monetaristas destacam o "motivo transação". Para eles, as pessoas demandam moedas fundamentalmente porque querem comprar bens e serviços em um futuro imediato. Para fazer frente a essas transações , os indivíduos demandam moeda, pois normalmente transcorre certo período  de tempo entre o recebimento das receitas e salários e o pagamento das contas ou a compra de bens e serviços
A demanda de moeda para fazer frente a pagamentos aumenta junto coma  renda dos indivíduos. É de se esperar que algo parecido ocorra com a moeda demandada pelas empresas: a quantidade demandada para pagar funcionários e fornecedores depende do volume de operações da empresa. Se aceitarmos esses pressupostos, teremos que, no nível agregado, isto é, para toda uma economia, a demanda de moeda dependerá do volume do produto nacional.
Quanto maior a produção, maior a quantidade de moedas de que a população precisará para adquirir esses bens. Caso não exista maior quantidade de moeda, a mesma moeda deverá ser utilizada mais de um vez para realizar as transações, Essa relação é expressa pela equação quantitativa da moeda.
OM x V = P x y           [12.7]
Sendo: OM= a oferta monetária ou quantidade nominal de moeda em circulação.
V= a velocidade de circulação da moeda
P= o nível geral de preços
y= a produção agregada real, isto é, o PIB do país.
 Se multiplicarmos o nível geral de preços pela produção agregada real, o resultado será a produção agregada nominal.
P x y = PIB nominal
A velocidade de circulação  é o número de vezes que um real troca de mãos para comprar a produção durante um ano.
V = P x y / OM     PIN nominal /Quantidade nominal             
Se em determinado país são produzidos ( e vendidos) bens por 1 bilhão de reais ( produção nominal) e a quantidade de moeda existente é de 500 milhões de reais, como toda a produção é comprada durante um ano com essa quantia, cada real será utilizado, em média, duas vezes durante o ano.. A velocidade de circulação será, pois:

V =  _PIB nominal /Qtd de nominal de moeda=   1000 / 500     = 2
              
Assim, temos que cada real muda de mãos, em média duas vezes durante o ano.
Intuitivamente, identificamos uma elevada velocidade de circulação com situações em que as pessoas se desfazem muito rapidamente de seu dinheiro: logo que o recebem, gastam-no ou convertem-no  em outros ativos. Neste caso, as pessoas em geral guardariam uma pequena quantidade de dinheiro em seu poder. Existe, ao contrário,uma baixa velocidade de circulação quando elas mantêm o dinheiro por muito tempo após recebê-lo. Vemos, portanto, que a velocidade de circulação é uma medida estreitamente relacionada à demanda de moeda. Se tudo mais se mantém constante, uma velocidade de circulação elevada significa baixa demanda de moedas, e vice- versa. logo, a  velocidade de circulação pode depender, em parte , da taxa de juros.
Ao analisar a equação quantitativa, os clássicos supunham que na expressão [12.7] a velocidade de circulação era constante e que o crescimento da produção real era exógeno (determinado pelo aumento de fatores produtivos e tecnologia) e no curto prazo permanecia constante, pois a economia se encontrava no pleno emprego. A partir desses pressupostos, estabeleceram uma relação direta entre mudanças na quantidade de moeda e preços: essa relação é conhecida como teoria quantitativa da moeda, segundo a qual o crescimento dos preços é determinado pelo excesso de crescimento da oferta monetária nominal sobre o crescimento da produção real.
Por outro lado, a equação 12.7 pode ser expressa em variações percentuais, assim:
[12.8]
Variação% de OM + variação% de V = variação % de P + variação % de y                 
Se introduzirmos a hipótese clássica de que o crescimento da velocidade de circulação é nulo, essa expressão poderá ser escrita assim:
[12.9] 
Variação % de P ou taxa de inflação = variação % de OM - variação % de y                  
Com base nessa equação, os defensores da teoria quantitativa, entre os quais cabe destacar os monetaristas, argumentam que a variação percentual dos preços é determinada pelo excesso da variação da oferta monetária nominal em relação à variação de produção. Assim, se a produção de um país cresce 2%, mas seu banco central aumenta a quantidade de moeda em 5%, a inflação será de 5% - 2% = 3%. Os monetaristas afirmam que a única cauda da inflação é o crescimento excessivo da quantidade de moeda, comparado com o crescimento da produção real. Sob essa perspectiva fica evidente o papel do bancos  centrais no controle da inflação e entende-se porque a corrente de pensamento monetarista postula o crescimento constante e moderado da oferta monetária nominal.
A equação quantitativa também pode ser usada para explicitar ainda mais a capacidade dos bancos centrais de utilizar a política monetária para controlar o crescimento das tensões inflacionárias. Assim, a equação 12.9 pode ser escrita de forma que permita determinar a taxa à qual a quantidade e moeda deve crescer, dado o crescimento estimado da renda real e a taxa desejada de crescimento da inflação, que na verdade é um objetivo de política monetária. Recordando que se supõe nula a taxa de  crescimento da velocidade da circulação, podemos escrever, então: 
Taxa de crescimento da quantidade nominal da moeda = taxa de inflação desejada + taxa de crescimento da renda prevista. 
Desse modo, caso se estime que a renda real do ano seguinte vá crescer a uma taxa de 3% e se espere que a taxa de inflação seja de 2%, a quantidade nominal de moeda deverá crescer a uma taxa de 5% ( 3% + 2%)
A armadilha da liquidez.
Ao analisar a demanda de moeda como ativo, levantamos a possibilidade de que, para níveis muito baixos da taxa de juros, a expectativa de uma mudança futura na taxa desestimularia o público de demandar títulos, por meio de possíveis perdas de capital. E, assim, a curta demanda de moeda se tornaria completamente elástica: em outras palavras, a economia teria caído na chamada armadilha da liquidez ( que representa a possibilidade de um aumento na quantidade de moeda não reduzir a taxa de juros). A possibilidade teórica da armadilha da liquidez põe em questionamento o mecanismo de transmissão que acabamos de comentar, bem como a efetividade de política monetária.
Nesse sentido, suponhamos que a economia esteja em profunda depressão e a taxa de juros, muito baixa. Suponhamos também que em termos de mercado monetário a curva da demanda assuma a forma representada na figura [12.1] , que apresenta um trecho completamente horizontal, e que a economia se encontre no ponto E0. Se nessas circunstâncias as autoridades monetárias decidirem aumentar a quantidade de moeda, a curva da oferta de moeda se deslocará para a direita e o equilíbrio passará a estar no ponto E1. Na nova situação de equilíbrio, a taxa de juros é a mesma, pois à taxa i1 o público está disposto a manter toda moeda adicional em espécie, em vez de assumir o risco de comprar mais títulos. Na medida em que ninguém mais compra ativos, o preço deles não de altera e, portanto, a taxa de juros não se reduz. Dizemos, então, que a moeda adicional caiu na "armadilha da liquidez", ou seja, na seção horizontal na curva de demanda da moeda ou da preferência pela liquidez. Em tais condições, como a taxa de juros não diminui, uma política monetária expansionista seria inócua, pois o impacto da expansão da quantidade de moeda sobre a taxa de juros seria nulo.
A composição dos agregados monetários no Brasil, de acordo com a classificação do Banco Central.
 O Banco Central do Brasil estebalece que o M1 é gerado pelas instituições emissoras de haveres estritamente monetários. O M2 corresponde ao M1 e às demais emissões de alta liquidez realizadas primariamente no mercado interno por instituições depositárias- as que realizam a multiplicação do crédito. O M3, por sua vez, é composto pelo M2 e pelas capacitações internas por intermédio dos fundos e renda fixas e das carteiras de títulos registrados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). O M4 engloba o M3 e os títulos público de alta liquidez.
(meio de pagamento restrito)
M1 = papel-moeda em poder do público + depósitos à vista
(meios de pagamento ampliado)
M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições bancárias
M3 = M2 + quotas de fundo de renda fixa + operações compromissadas registradas no Selic  
( Poupança financeira)
M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez.

Bibliografia:
MOCHÒN, Francisco. Princípios de economia. ed. Pearson Prentice Hall. São Paulo. 2007
PASSOS, Carlos Roberto Martins & NOGAMI, Otto. Principios de Economia. 4º ed revisada e ampliada. Ed. Thomson. São Paulo. 2003
Manual de Economia. Equipe de professores da USP. Organizadores : PINHO, Diva Benevides & VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval. 2º ed. Ed. Saraiva. São Paulo. 1992
SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. 6º ed. Ed. Best Seller. São Paulo. 2001

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